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Orientação profissional de carreira para a efetiva inclusão de pessoas com deficiência visual
Professional career guidance for the effective inclusion of people with visual impairments
Elionardo Sales de Oliveira Araújo.1
Resumo
Maria Auxiliadora Salcedo Giolo é doutora em Psicologia e realiza pesquisas relevantes sobre o impacto da orientação profissional para estruturação de carreiras de sucesso. Nessa entrevista, o destaque está na especificidade da orientação vocacional para a pessoa com deficiência, principalmente visual. Orientar carreira perpassa por respeitar a variabilidade humana e adaptar os diversos instrumentos para atender a todas as especificidades.
Palavras – chave: orientação vocacional; inclusão; deficiência visual
Abstract
Maria Auxiliadora Salcedo Giolo holds a PhD in Psychology and conducts significant research on the impact of career guidance on the structuring of successful careers. In this interview, the focus is on the specificity of vocational guidance for people with disabilities, particularly visual impairments. Career guidance involves respecting human variability and adapting various tools to meet all specific needs.
Key – words: vocational guidance; inclusion; visual impairment
1 Estudante de pós-graduação da Universidade de Brasília - UnB
Entrevistador: Na visão da Psicologia, há relação entre orientação vocacional e qualidade de vida no trabalho nas organizações?
Maria Auxiliadora Giolo: Nas empresas, existem programas distintos que abordam qualidade de vida, bem-estar e desenvolvimento de carreiras. Os programas de qualidade de vida incluem avaliação de desempenho e pesquisa de clima organizacional, focando no desenvolvimento saudável dos colaboradores e nas necessidades institucionais. Por outro lado, as orientações profissionais nas empresas concentram-se especificamente no progresso das carreiras dos funcionários, muitas vezes relacionadas a planos de sucessão. Estes processos consideram aspectos como saúde, qualidade de vida, remuneração e realização pessoal, diferenciando-se claramente dos programas de bem-estar que visam oferecer atividades para melhorar o ambiente de trabalho e reduzir custos com saúde.
Entrevistador: Qual a percepção do psicólogo sobre a inclusão no ambiente de trabalho de pessoas com deficiência visual?
Maria Auxiliadora Giolo: Estamos discutindo a importância da inclusão de pessoas diversas no ambiente de trabalho. O trabalho não é apenas um local de atividade profissional, mas também um espaço social onde interagimos com pessoas semelhantes às que encontramos em outros contextos da vida, como bairros, escolas e faculdades. Portanto, valorizar a inclusão nas empresas e organizações é crucial, pois elas refletem um microcosmo da sociedade em que todos convivem. No contexto específico da inclusão de pessoas com deficiência, é fundamental considerar o ambiente de trabalho como acessível e acolhedor para todos. Assim como na sociedade em geral, a inclusão no local de trabalho permite que todos, independentemente de suas condições, contribuam e realizem seus objetivos pessoais e profissionais. Como mencionado por Freud em uma de suas obras, o trabalho e o amor têm um significado profundo na vida das pessoas. Portanto, é necessário que as pessoas com deficiência sejam inseridas neste contexto, o que implica políticas claras de inclusão implementadas pelas empresas e apoiadas pelo Ministério do Trabalho.
Entrevistador: No contexto sócio-histórico da sociedade brasileira, qual é a avaliação do psicólogo sobre a inclusão e a orientação profissional?
Maria Auxiliadora Giolo: O psicólogo segue o código de ética da psicologia e seus princípios. O primeiro princípio do código de ética profissional enfatiza o respeito aos direitos humanos, incluindo a igualdade e o respeito. É dever do psicólogo aderir a esse código e cumprir todas as diretrizes relacionadas à sua atuação. Por exemplo, o princípio um do código destaca que o psicólogo deve basear seu trabalho no respeito à liberdade, dignidade, igualdade e integridade do ser humano, fundamentado nos valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Este enfoque prepara o psicólogo para preservar a liberdade e respeitar a dignidade e a integridade de cada indivíduo. Além disso, o princípio dois destaca que o psicólogo trabalhará para promover a saúde e a qualidade de vida, contribuindo para a eliminação de formas de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão. Esses princípios orientam integralmente a prática profissional do psicólogo, centrada no respeito aos direitos humanos, igualdade e demais valores essenciais.
Entrevistador: O que as organizações podem fazer para diminuir a discriminação contra a pessoa com deficiência visual?
Maria Auxiliadora Giolo : Primeiro a gente está dentro de uma instituição e toda instituição tem uma cultura, então é primeiro preciso estabelecer a cultura dessa diversidade, trabalhar os valores, o valor de respeito, integridade no tratamento com os colegas, a questão da comunicação precisa fluir adequadamente para as pessoas entenderem que a gente precisa lidar com pessoas diferentes da gente. Então, às vezes a questão cultural da vida individual de cada um pode impactar nessa percepção e que às vezes nem é um problema cultural da empresa. A empresa valoriza a diversidade, trabalha, incentiva essa comunicação positiva entre os trabalhadores, mas às vezes é do indivíduo que talvez ele não consiga absorver a importância de seguir essa cultura de valorização das pessoas. Então a empresa precisa fazer um pouco esse trabalho de comunicação, até para direcionar a questão cultural de incentivo e estabelecer sim alguns critérios, inclusive para, vamos dizer assim, de relacionamento.
Entrevistador: Com relação a orientação vocacional, a maior parte dos testes vocacionais utilizados possuem formato adaptado para pessoas com deficiência? (linguagem Braille, por exemplo?)
Maria Auxiliadora Giolo: Sobre os instrumentos disponíveis no Brasil, que são regulados quanto a qualidade e confiabilidade o Sistema de Testes do Conselho Federal de Psicologia não há testes psicológicos para orientação profissional, no momento, que atendam essa demanda. Entretanto o psicólogo que atua nessa especialidade pode recorrer a muitos tipos de ferramentas, inclusive testes no formato online que podem ser administrados com o apoio de audiodescrição. Como dito o teste psicológico deve seguir os padrões de regulamentação pelo SATEPSI – CFP, mas o psicólogo tem a responsabilidade de adequar seu atendimento as necessidades dos seus clientes/pacientes, o atendimento psicológico prioriza a demanda do indivíduo e as técnicas que serão empregadas devem atender a necessidade individual do caso. Assim, em geral, no atendimento a demanda de orientação profissional são empregadas escalas de autorrelato, entrevistas, exercícios dirigidos a escolhas profissionais e outras técnicas, além dos testes psicológicos disponíveis.
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