Na 15ª Primavera do Museus,
Dinorá Couto Cançado faz sua participação especial
Aqui
estou, num lugar da casa que o chamo de Quarto-Escritório. Aqui trabalho, não é
o local que durmo. Minha cama antiga, bordada na madeira, com tudo à mão ao meu
lado, com meu computador numa mesinha do outro lada da cama, um dos mimos mais
utilitários de Diva Couto, que eu a arrasto pra qualquer lado do quarto ou da
casa, ela é de rodinhas gordinhas, levinha e se encaixa, plenamente, à minha
frente, na cama. Encosto-me nos bordados incomodativos da cama, espicho minhas
perna cansadas no colchão duro e passo o
dia no trabalho. Uma TV gigante à minha
frente e abaixo dela uma escrivaninha repleta de coisas que necessito no dia a
dia, bem à vista. Então, é aqui nesse espaço que, em plena 3 h da madrugada,
brotou a crônica que vou ter a ousadia de apresentá-la na 15ª Primavera dos Museus, no dia previsto
para a ação “Contando histórias no Ponto” . Na minha imaginação, estou lá no Ponto
de Leitura da Bibliobraille, ora fechado ainda pela pandemia, mas que não para,
pois abraça e abriga o acervo de 3 entidades que ora represento: do Ponto, da
AIAB e da AJEB DF. Enfim, como não
alimentar esse Ponto?
Crônica
Uma
visita inusitada num ateliê inovativo
O lixo
que vira luxo foi a frase que veio já a achando repetitiva e trocando-a por “ O
que era caco e vira decoração inusitada, criativa, ousada, inovativa.” Essa é a
minha forma de conceituar uma palavra de longa data mas que depois dos ODS
tornou-se comum em todos os cantos: SUSTENTABILIDADE!
Então,
celebrando os 15 anos do Brasília, capital das leituras, um dos meus
filhinhos-projetos, pensei em apresentar a vocês 15 fotos de um local visitado
, em 2021, que comprova esse “Olhar ampliado” que só pude aprimorá-lo depois
dessa pandemia. Falo de um quintal num apartamento transformado no Ateliê Dulce
Couto. Numa certa manhãzinha, levantei-me lá em BH, estreando pijama novo
comprado no dia anterior numa das ruas mais atrativas do comércio de lá, quase morei
dentro dessa loja, querendo tudo que via. Sentindo-me bela na cor pink, com uma
baita flor bem à frente da nova vestimenta, saio caladinha para o quintal, com
o celular na mão, dando uma de fotógrafa e solidária da visão, apreciando cada
pedacinho desse quintal-ateliê num apartamento de um prédio de uns 8 andares, o
único contemplado com esse espaço aprazível. Lembro que duas pessoas da casa
aproximaram-se de mim, sem entender o processo que eu vivia, tentando pensar em
cada audiodescrição das ceninhas agigantadas em minha mente fervilhante. Uma
delas foi minha mãe, de 90 anos, recém-operada da visão no dia anterior,
registrando-a, próxima aos primeiros passos desse turismo incrível. Outra se chama Bete que trabalha na casa de
minha irmã, cuidando de 2 de seus meninos queridos, num dos trabalhos de
cuidadora mais nobres já vistos; o marido com mal de Alzeimer em estágio bem
avançado, um anjo em forma de gente, assim é o Nuvem, como carinhosamente o
chamamos. O outro menino é seu filho artista e autista, com seus 30 anos, que
requer cuidados especiais diários. Quanto desprendimento e amor embutidos nessa
mãe, antes não percebidos!
Essa
pequena/grande parte da viagem de 4 dias, alguns podem achá-la triste, não
festiva, difícil, pois teve a outra parte motivo real da viagem, cheia de
motivações culturais, glamorosa, proporcionada pela querida Mara Parrela que
veio da Holanda e eu fui conhecê-la e participar de seu maravilhoso evento no
Brasil. Quero dizer que ambas as partes, se balanceadas forem, ficarão equilibradas,
tamanho foi o saldo positivo das duas atividades.
Como o
motivo, agora, em plena 3 h da manhã do brotar dessa narrativa, voltemos à
temática. Sem conseguir dormir uma gota sequer procurei meios da aliviar tantas
dores, fazendo algo de prazeroso, à espera do sono que não vinha e nem veio até
agora, 12 horas depois, já digitando o texto manual. Lembrando do excessivo
número de fotos armazenadas no celular, precisando de espaço, não poderia deletá-las,
simplesmente, ou jogá-las sem sentido nas redes sociais. Veio a ideia dessa
visita guiada em , cada cena observada e ainda pondo o celular nas mãos da
Bete, a outra que, calada ficou, registrando-me em dois momentos. Me achei linda, ao natural e agradecida ao
gesto solidário da outra fotógrafa colaborativa.
Com
meu olhar extasiado nas invencionices dessa artista multifacetada que é a minha irmã Dulce Couto, ficará
difícil eliminar algumas que excedem o número 15, inicialmente previsto,
portanto quero sentir-me livre nessa postagem ilustrativa. Darei, apenas, um
título curto à cada cena, deixando que a imaginação de cada leitor flua acerca
da imagem retratada. E que outra
produção-desdobramento dessa crônica venha da própria artista, seja em forma de
audiodescrição ou de narração escrita, assim ficaremos abastecidos (as) com as
informações originais/autorais, não inviabilizando cada vidente ou pessoa com
deficiência visual de ampliar a sua visão com a própria imaginação que cada um
pode aprimorá-la.
Creio
que meu próximo projeto será brindar a cada uma de minhas irmãs, somos 5, com
uma singela homenagem assim, pois cada uma tem o seu lado artista bastante
acentuado e diferenciado. Tenho, também 5 imãos, onde procurarei resgatar um
inventário das artes de cada um, também. Assim, as artes da Família Couto, em
forma de crônicas, memoriais, inventários e até mesmo poemas serão publicadas
em formatos diferenciados, possibilitando uma troca de saberes e de valores
simples que vão se perdendo frente á tantas mudanças.
Lançando
mão dessa estratégia de registros fotográficos nas redes sociais, anos e anos
depois, o Facebook nos brinda com belas lembranças que provocam a nossa mente
ávida por recordações de um dia que se foi. Outra mania saudável que adquiri
nessa pandemia.
Creio
que já provoquei bastante o apreciar das cenas dessa caminhada matinal. Ei-las,
na sequência, até com direito a escadas ocultas, chegando a uma cobertura
inimaginável: quintal de 2 andares num só apartamento contemplado, de vários
num prédio, realmente algo extraordinário.
Dinorá
Couto Cançado
Que crônica gostosa de ler.Retrata o dia a dia da familia a.Com um glamouroso texto fácil de ler,apreciar e gostar.Gostei muito que prosa boa viu
ResponderExcluirGostei muuuuiiiitooo!
ResponderExcluirBoa tarde!
ResponderExcluirAdorei sua crônica. Nossas ações precisam realmente mudar. Sustentabilidade é fundamental e importante. Sua irmã é tão criativa e talentosa como você. Marca registrada da família Couto.
Forte abraço virtual!