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23/09/21

Dinorá Couto Cançado faz sua crônica no programa "Contando histórias no Ponto"

 Na 15ª Primavera do Museus, 

Dinorá Couto Cançado faz sua participação especial



A 2ª das 5 produções selecionadas para a ação “Contando histórias no Ponto”, na 15ª Primavera dos Museus, conforme programa, postado em 23/9/2021


Introduzindo o vídeo da crônica brotada em 14/9/21

Aqui estou, num lugar da casa que o chamo de Quarto-Escritório. Aqui trabalho, não é o local que durmo. Minha cama antiga, bordada na madeira, com tudo à mão ao meu lado, com meu computador numa mesinha do outro lada da cama, um dos mimos mais utilitários de Diva Couto, que eu a arrasto pra qualquer lado do quarto ou da casa, ela é de rodinhas gordinhas, levinha e se encaixa, plenamente, à minha frente, na cama. Encosto-me nos bordados incomodativos da cama, espicho minhas perna cansadas no colchão  duro e passo o dia no trabalho.  Uma TV gigante à minha frente e abaixo dela uma escrivaninha repleta de coisas que necessito no dia a dia, bem à vista. Então, é aqui nesse espaço que, em plena 3 h da madrugada, brotou a crônica que vou ter a ousadia de apresentá-la  na 15ª Primavera dos Museus, no dia previsto para a ação “Contando histórias no Ponto” . Na minha imaginação, estou lá no Ponto de Leitura da Bibliobraille, ora fechado ainda pela pandemia, mas que não para, pois abraça e abriga o acervo de 3 entidades que ora represento: do Ponto, da AIAB e da AJEB DF.  Enfim, como não alimentar esse Ponto?

 

Crônica

Uma visita inusitada num ateliê inovativo

O lixo que vira luxo foi a frase que veio já a achando repetitiva e trocando-a por “ O que era caco e vira decoração inusitada, criativa, ousada, inovativa.” Essa é a minha forma de conceituar uma palavra de longa data mas que depois dos ODS tornou-se comum em todos os cantos: SUSTENTABILIDADE!

Então, celebrando os 15 anos do Brasília, capital das leituras, um dos meus filhinhos-projetos, pensei em apresentar a vocês 15 fotos de um local visitado , em 2021, que comprova esse “Olhar ampliado” que só pude aprimorá-lo depois dessa pandemia. Falo de um quintal num apartamento transformado no Ateliê Dulce Couto. Numa certa manhãzinha, levantei-me lá em BH, estreando pijama novo comprado no dia anterior numa das ruas mais atrativas do comércio de lá, quase morei dentro dessa loja, querendo tudo que via. Sentindo-me bela na cor pink, com uma baita flor bem à frente da nova vestimenta, saio caladinha para o quintal, com o celular na mão, dando uma de fotógrafa e solidária da visão, apreciando cada pedacinho desse quintal-ateliê num apartamento de um prédio de uns 8 andares, o único contemplado com esse espaço aprazível. Lembro que duas pessoas da casa aproximaram-se de mim, sem entender o processo que eu vivia, tentando pensar em cada audiodescrição das ceninhas agigantadas em minha mente fervilhante. Uma delas foi minha mãe, de 90 anos, recém-operada da visão no dia anterior, registrando-a, próxima aos primeiros passos desse turismo incrível.  Outra se chama Bete que trabalha na casa de minha irmã, cuidando de 2 de seus meninos queridos, num dos trabalhos de cuidadora mais nobres já vistos; o marido com mal de Alzeimer em estágio bem avançado, um anjo em forma de gente, assim é o Nuvem, como carinhosamente o chamamos. O outro menino é seu filho artista e autista, com seus 30 anos, que requer cuidados especiais diários. Quanto desprendimento e amor embutidos nessa mãe, antes não percebidos!

Essa pequena/grande parte da viagem de 4 dias, alguns podem achá-la triste, não festiva, difícil, pois teve a outra parte motivo real da viagem, cheia de motivações culturais, glamorosa, proporcionada pela querida Mara Parrela que veio da Holanda e eu fui conhecê-la e participar de seu maravilhoso evento no Brasil. Quero dizer que ambas as partes, se balanceadas forem, ficarão equilibradas, tamanho foi o saldo positivo das duas atividades.

Como o motivo, agora, em plena 3 h da manhã do brotar dessa narrativa, voltemos à temática. Sem conseguir dormir uma gota sequer procurei meios da aliviar tantas dores, fazendo algo de prazeroso, à espera do sono que não vinha e nem veio até agora, 12 horas depois, já digitando o texto manual. Lembrando do excessivo número de fotos armazenadas no celular, precisando  de espaço, não poderia deletá-las, simplesmente, ou jogá-las sem sentido nas redes sociais. Veio a ideia dessa visita guiada em , cada cena observada e ainda pondo o celular nas mãos da Bete, a outra que, calada ficou, registrando-me em dois momentos.  Me achei linda, ao natural e agradecida ao gesto solidário da outra fotógrafa colaborativa.

Com meu olhar extasiado nas invencionices dessa artista multifacetada  que é a minha irmã Dulce Couto, ficará difícil eliminar algumas que excedem o número 15, inicialmente previsto, portanto quero sentir-me livre nessa postagem ilustrativa. Darei, apenas, um título curto à cada cena, deixando que a imaginação de cada leitor flua acerca da imagem retratada.  E que outra produção-desdobramento dessa crônica venha da própria artista, seja em forma de audiodescrição ou de narração escrita, assim ficaremos abastecidos (as) com as informações originais/autorais, não inviabilizando cada vidente ou pessoa com deficiência visual de ampliar a sua visão com a própria imaginação que cada um pode aprimorá-la.

Creio que meu próximo projeto será brindar a cada uma de minhas irmãs, somos 5, com uma singela homenagem assim, pois cada uma tem o seu lado artista bastante acentuado e diferenciado. Tenho, também 5 imãos, onde procurarei resgatar um inventário das artes de cada um, também. Assim, as artes da Família Couto, em forma de crônicas, memoriais, inventários e até mesmo poemas serão publicadas em formatos diferenciados, possibilitando uma troca de saberes e de valores simples que vão se perdendo frente á tantas mudanças.

Lançando mão dessa estratégia de registros fotográficos nas redes sociais, anos e anos depois, o Facebook nos brinda com belas lembranças que provocam a nossa mente ávida por recordações de um dia que se foi. Outra mania saudável que adquiri nessa pandemia.

Creio que já provoquei bastante o apreciar das cenas dessa caminhada matinal. Ei-las, na sequência, até com direito a escadas ocultas, chegando a uma cobertura inimaginável: quintal de 2 andares num só apartamento contemplado, de vários num prédio, realmente algo extraordinário.

Dinorá Couto Cançado









3 comentários:

  1. Que crônica gostosa de ler.Retrata o dia a dia da familia a.Com um glamouroso texto fácil de ler,apreciar e gostar.Gostei muito que prosa boa viu

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  2. Boa tarde!

    Adorei sua crônica. Nossas ações precisam realmente mudar. Sustentabilidade é fundamental e importante. Sua irmã é tão criativa e talentosa como você. Marca registrada da família Couto.
    Forte abraço virtual!

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