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26/02/23

Apresentação do dia 26/2/23: Divina Bueno de Oliveira


Um pouquinho da minha vida
Divina Bueno de Oliveira
Uberlândia - MG - Brasil

Eu me chamo Divina Bueno de Oliveira. Tenho 48 anos, sou cega, desde os 13 anos. Nasci com glaucoma, porém até esta idade, enxerguei um pouco. Era considerada baixa visão. Aos 13 anos, perdi minha mãe e por conta dessa perda meu lado emocional foi muito afetado. Foi, então, que me tornei cega total.
Vivi em Brasília, durante muito tempo. Quando me mudei para lá, tinha apenas 2 anos de idade. Lá, como em qualquer lugar, passei por muitos momentos ruins, mas também por muitos momentos bons. Tive o privilégio de conhecer o CEEDV - Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais. E, também, tive o privilégio de conhecer a Biblioteca Braille de Taguatinga, onde participei do Projeto Luz & Autor em Braille com texto publicado na coletânea Revelando Autores em Braille. Ainda, tive o privilégio maior de conhecer muitas pessoas maravilhosas que pude trazer para minha vida. Lá tive muitos amigos, muitos amores, mas sentia que queria mais. Foi então que, em uma das viagens que fiz jogando golball, conheci aquele que seria o grande amor da minha vida, o Adriano. Alguns meses depois de nos conhecermos, resolvi me jogar de cabeça nesse amor. Então me mudei para Uberlândia, em outubro de 2000. Aqui, também, tive muitos momentos complicados, mas, também, tive muitos momentos felizes, nos casamos em 2001 e, infelizmente, perdi um bebê em uma gestação de 9 semanas. Logo depois, Deus me presenteou com a Júlia, minha primeira filha. Então, depois de algumas outras perdas em outras gestações complicadas, Deus, mais uma vez, me deu mais duas bençãos que são o Gabriel e a Milena. Hoje, a Júlia tem 19 anos, já terminou o ensino médio e está trabalhando; o Gabriel tem 15 anos, está no primeiro ano do ensino médio e a Milena tem 12 anos e está no sétimo ano do ensino fundamental. Os quatro são bençãos na minha vida, são presentes que Deus me deu! Mesmo eu sabendo que não mereço tanto, mas com a sua misericórdia e o seu amor infinito, Ele me presenteou, Hoje, temos a nossa casa própria, eu trabalho como assistente administrativa, o meu esposo trabalha como massoterapeuta em dois empregos e para aqueles que me perguntam ou me perguntariam se eu sou feliz... ah, sou sim, muito feliz, apesar de ter tido muitas dificuldades, ter perdido a minha mãe. Depois que cheguei em Uberlândia, descobri, infelizmente, que meu pai, aquele que me abandonou com 15 anos de idade, também, havia falecido. Fiquei muito triste, muito mesmo, pois o meu orgulho, a mágoa que persistia em guardar, durante tanto tempo, não me deixaram procurar por ele. Hoje, sei que tudo isso é uma grande bobagem, pois, se eu tivesse procurado por ele, a minha felicidade seria maior ainda, pois ele teria tido a chance de conhecer a minha família tão linda que eu amo tanto, mas são coisas que não voltam atrás e que, infelizmente, eu não posso consertar. Hoje, tenho a consciência de que a mágoa, o orgulho não servem para nada nas nossas vidas e continuo aqui, seguindo a minha vida, trabalhando, procurando sempre aprender mais e mais e agradeço a oportunidade de poder contar um pouquinho da minha vida.

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