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04/03/23

Apresentação do dia 4/3/23: José Nascimento Baggio

Minha história
José Nascimento Baggio
Rio de Janeiro - RJ - Brasil

Eu sou José Nascimento Baggio, nascido em 24 de dezembro de 1947, na cidade de Afonso Cláudio, interior do Espírito Santo. Lá, vivi por alguns anos na roça e, na roça, aprendi muita coisa. Depois de alguns anos, meu pai veio pra cidade com a família onde passamos a morar em Vitória do Espírito Santo, passando a morar com meus avós até meus 17 anos. Então fui recrutado para o exército e vim para o Rio de Janeiro, No exército, fiquei durante 13 anos, depois resolvi trabalhar por conta própria. Trabalhei em uma empresa na área de eletrônica, em sociedade com outra pessoa, durante 11 anos mais ou menos. Depois desse período, fui acometido de problemas visuais e em 1984 me divorciei. Vendi uma firma que eu tinha em Copacabana e passei a morar num bairro por nome Itaboraí, onde tinha uma tia que solicitou que eu morasse perto dela, Meu filho mais velho resolveu me acompanhar, não querendo morar com a mãe. Na época, ele tinha 10 anos e foi morar comigo, acompanhando-me na minha vida. Morei numa casinha pequena, dentro de uma roça onde até a luz tive que puxar de longe, uma espécie de “gato”. Então a minha visão começou a ter problemas, procurei recursos a fim de recuperar a visão. Fui até cobaia na Fundação Osvaldo Cruz, onde queriam me aplicar um remédio desconhecido, queriam que eu ficasse internado. Eu não quis, então pensei que eu não iria servir de experimento. Lá não voltei mais, a partir de então resolvi procurar médicos, a fim de tentar recuperar a visão, passando por mais de 20 médicos, mas a visão piorava cada vez mais, até que perdi a visão do olho direito, atingindo também a visão do olho esquerdo. Procurei o Instituto Benjamim Constant, passei por um certo médico que vou omitir o nome, era um dos mais entendidos, Como ele estava de férias, não podia me atender. Naquele período, fui ao consultório dele e paguei uma consulta particular, assim ele fez a minha cirurgia em um outro hospital. Trinta dias depois da cirurgia, já não enxergava nada. Voltando ao referido médico, ele falou que eu teria que fazer a cirurgia novamente, mas teria que esperar 60 dias. Nesse período, fiquei na casa da minha mãe. Voltando ao consultório, ouvi a secretária do médico falar:

- A sua ressonância da cabeça está marcada.

Eu pensei:

- Este médico não está bem.

O médico disse que não faria a cirurgia, mas indicou a sua secretária a fazer tal procedimento. Enquanto ela fazia a cirurgia, ouvi outra pessoa dizer que o meu problema visual era multimiose. Eu não sabia o que era isso mas ela fez a cirurgia e eu fui pra casa. No outro dia, tirei o tampão do olho e fiquei enxergando, mas quando foi a tarde, já não enxergava mais nada.

Depois de um bom tempo sem enxergar, procurei um médico que me atendia algum tempo atrás. Certa vez me disseram que ele não era médico e apenas operava por aparelhos, então eu me afastei do mesmo. Resumindo, certo dia encontrei com ele em uma clínica em Ipanema e ele me perguntou o que eu estava fazendo lá, eu respondi:

- Procurando recursos para minha visão.

Ao olhar nos meu olhos, ele, então, me disse:

- José, quem mexeu nos seus olhos fez tudo errado.

Mandou que eu fosse para a clínica onde eu o havia conhecido que ele tentaria fazer alguma coisa. Depois de 30 dias medicado, ele me operou e eu voltei a enxergar um pouco. Isto aconteceu no ano de 2002 e até hoje continuo com a baixa visão, mas que vêm diminuindo cada dia mais, fazendo 22 anos que moro sozinho, sempre dando meu jeitinho pra viver como posso, sempre viajando, conhecendo pessoas, até que em um certo dia em uma viagem de excursão conheci Roberto, Noeme, Dalva, Zozimeire, João e outras pessoas.

Esta excursão foi feita de Brasília para Caldas Novas. Muitas dessas pessoas eram pessoas com deficiência visual que até hoje conversam comigo. Espero que um dia eu encontre alguém que queira compartilhar a sua vida comigo até quando Deus quiser, mas eu continuo trabalhando. Já fiz mais 6 casas porque os filhos têm mania de construir e eu ajudo no que posso, principalmente, na área de eletricidade e um pouco de instalações hidráulicas, apesar de não ser profissional na área hidráulica. O filho mais velho está há quatro anos em Portugal, já tentou me levar pra lá, mas eu não quero, porque lá é muito frio e eu não posso pegar muito frio, depois daquela “picadinha” surgiram problemas nos meus pulmões e eu já não respiro como antes, mas eu continuo fazendo as minhas hidros e vou voltar a fazer academia, pois os meus músculos estão ficando flácidos e afetando também a parte óssea, por isso eu não posso parar, sempre viajando em grupos e quase sempre nos finais de semana, é bom rever os amigos que conheci outrora até quando eu puder e Deus me ajudar.

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